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Você sabe o que é Doença Falciforme?

Representantes de diversas instituições de ensino e saúde participam do lançamento da Liga Acadêmica da Doença Falciforme - LADF.

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Realizar atividades práticas e teóricas, além de curriculares sobre o estudo da doença falciforme é o principal objetivo da mais nova Liga Acadêmica lançada por estudantes da Bahiana, no último sábado, 07 de maio. Para marcar o lançamento, foi realizado um encontro, na Unidade Acadêmica Cabula que contou com a participação de estudantes e pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa de Salvador.

A programação abordou os temas Aspectos Epidemiológicos da Doença Falciforme na Bahia e no Brasil: as lições do teste do pezinho, apresentado pelo professor Ney Boa Sorte; A Pesquisa em Doença Falciforme na Bahia, conduzido pelas professoras Teresita Bendicho e Cynara Barbosa; e Associação das Pessoas com Doença Falciforme na Bahia e no Brasil, apresentado por Altair Lira, presidente da ABADFal.


LADF
Orientada pelas professoras do curso de Biomedicina, Maria Teresita Bendicho e da UNEB, Cynara Barbosa, a Liga tem como presidente a estudante do 3º semestre do curso de Biomedicina, Flávia Lacerda, que pesquisa o assunto desde o 1º semestre, quando desenvolveu um trabalho sobre os aspectos patológicos da doença falciforme. Já no segundo semestre, foi instigada pela professora Teresita Bendicho, “ela tinha adorado nosso trabalho e, no 2º semestre, ela me chamou e disse: Por que a gente não monta uma liga acadêmica? Eu disse: Por que não, se a Bahia é o estado com o maior número de pessoas acometidas pela doença em âmbito nacional? Aí, eu gostei da ideia, me apaixonei logo pelo tema, fui pesquisando mais e acabei passando minhas férias do 3º semestre elaborando o projeto da liga”, conta Flávia.

Outro ponto importante destacado pela presidente é a composição da equipe, “nossa liga tem um diferencial das outras ligas porque nós abarcamos todos os cursos e de todas as instituições. Por exemplo, hoje aqui temos gente da FTC, UFBA, UNEB, Unime, Unirbe, temos alunos de cursos técnicos, tem gente do BI da UFBA, então tem muita gente que se inscreveu e que se interessou pelo tema”.

A exemplo disso está presente entre os integrantes da liga a estudante de Ciências Sociais da UFBA, Jucidalva Gomes. Ela conta que tem a anemia falciforme como objeto de estudo por ser portadora da doença. “Eu comecei na liga porque sou portadora da doença e por isso já tenho uma base técnica. Mas eu não queria trabalhar na área de saúde porque a doença falciforme está na sociedade. Eu quis estudar como vive a pessoa com a doença falciforme. Qual o impacto social dela, tanto na sociedade civil como na classe política. Então pedi pra ingressar na liga e trabalhar com eles não só na parte biológica, mas no aspecto sociológico da doença”.

Segundo o aluno do último ano de Biomedicina, integrante da LADF e pesquisador da doença falciforme, Marivaldo Santos, a anemia falciforme já é considerada uma doença muito discutida hoje, principalmente na Bahia. Dados mostram que 16,6% da população baiana, que é considerada uma população negroide, têm a doença falciforme ou traço falcêmico. “É muito estudada hoje, em nosso meio. Então, por que estudar a anemia falciforme? Para desenvolver a cura? Não, não tem cura. Mas lutamos para levar conhecimento a estas pessoas. Porque existem doentes que não sabem a etnia da doença, o que é essa doença, nem o tratamento que é paliativo, postos onde procurar”.

Flávia aponta o interesse apresentado pelo público do encontro como um aspecto muito importante, pois ajuda a difundir conhecimento sobre o tema. “Eu acho isso muito válido. Porque aqui na Bahia o tema ainda é muito pouco divulgado em relação à nossa realidade do que é hoje a doença falciforme.

A presidente ainda destaca que o principal objetivo da liga é a difusão do conhecimento, através das atividades de extensão. “Segundo nosso lema, doença falciforme é pesquisa, ensino e extensão. Então a gente pretende, depois, com mais bagagem, ir a campo, fazer a divulgação do que é a doença em colégios, na comunidade, ensinar as pessoas a como se tratar”.


Saiba mais
A anemia falciforme é uma Hemoglobinopatia derivada de uma alteração mínima na estrutura da hemoglobina capaz de provocar uma drástica alteração anatômica e funcional nos glóbulos vermelhos. Com isso, a hemoglobina mutante - desoxihemoglobina-s (ou seja, a hemoglobina que passou por uma perda de oxigênio) ganha o formato de foice o que desencadeia uma série de problemas como oclusões vasculares, lesões teciduais à medida que este aglomerado de mutantes passa pelos vasos sanguíneos.

As pessoas com anemia falciforme recebem, tanto do pai como da mãe a hemoglobina S. Elas são chamadas de SS. Já a pessoa com traço falcêmico é aquela que recebe de um dos pais o gene da hemoglobina A e do outro o da hemoglobina S. Ela não desenvolverá a doença, porém, se ela se unir a outra pessoa com traço falcêmico, existe uma grande chance de este casal ter filhos com anemia falciforme.


Como identificar
Hoje, as crianças que nascem já realizam, nos primeiros dias de vida, o teste do pezinho. Nele é possível identificar uma série de doenças, dentre elas a anemia falciforme. No caso de crianças e adultos é bom observar:

• Anemia crônica – causada pela rápida destruição dos glóbulos vermelhos.
• Icterícia – cor amarelada na pele e visivelmente no “branco dos olhos”.
• Crises Dolorosas – principalmente em ossos, músculos e articulações.


Como cuidar
Para as crises mais severas, é aconselhável o acompanhamento médico. Já as crises mais leves podem ser tratadas em casa, com a ingestão de bastante líquidos.
Os portadores de anemia falciforme devem ser inscritos no Programa de Atenção Integral onde serão atendidas e acompanhadas por uma equipe especializada, incluindo diagnóstico neonatal, consulta clínica, vacinação, tratamento e acompanhamento multidisciplinar.

 

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