Poucas mulheres sabem, mas a realização de exercícios físicos de alto impacto pode causar problemas no assoalho pélvico a exemplo da incontinência urinária do prolapso genital – queda ou exteriorização de um órgão ou parte dele. Um estudo realizado com 233 atletas da Universidade do Porto mostrou que 29% delas apresentam incontinência urinária. Já na França, no Laboratory of Functional Exploration of the Nervous System, estudo semelhante com atletas colegiais demonstrou que, entre as esportistas, 28% apresentavam algum grau de perda de urina, contra 9,8% do grupo controle.

A fim de acolher e tratar mulheres com problemas no assoalho pélvico a exemplo da incontinência urinária, do prolapso genital e das disfunções sexuais, o Ambulatório Docente-Assistencial da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (ADAB), por meio de sua Clínica Avançada de Fisioterapia (CAFIS) acaba de lançar o Centro de Atenção ao Assoalho Pélvico (CAAP), mais um serviço inédito e integralmente gratuito. Reunindo-se sempre às quartas-feiras, a partir das 13h, o CAAP oferece palestras, atendimento médico, fisioterapia e de psicologia. 

O atendimento conta com a participação de alunos e professores da graduação e da pós-graduação, coordenados pela Prof.ª Dr.ª Patrícia Lordêlo. O serviço é destinado a adolescentes e mulheres através do Sistema Único de Saúde, bastando apenas a paciente apresentar o cartão do SUS e um documento de identificação com foto.


Incontinência Urinária e exercícios físicos de alto impacto
Segundo a Dr.ª Patrícia Lordêlo, com os exercícios de alto impacto, há um aumento na pressão intra-abdominal, causando uma sobrecarga na musculatura perineal e podendo proporcionar um deslocando os órgãos de sua localização original. Ela explica que "a incontinência urinária é definida como toda perda involuntária de urina. É um sintoma que pode ter diferentes causas. Por exemplo, se a perda ocorre aos esforços, pode ser devido a incompetência dos músculos que sustentam este órgãos, podendo também ocasionar o prolapso de bexiga (“bexiga caída”); se ocorre perda sem esforço, a causa pode ser uma alteração da inervação da bexiga (bexiga hiperativa). As mulheres estão muito mais sujeitas à perda de urina, mas este sintoma pode aparecer em qualquer fase da vida do ser humano, independente da idade e sexo".

Além da incontinência urinária e o prolapso genital, outros problemas  estão ligados ao assoalho pélvico feminino como a incontinência fecal as disfunções sexuais: dor na relação sexual, dificuldade de penetração, dificuldade no orgasmo.

A fisioterapeuta informa também que o tratamento realizado no CAAP oferece a alta possibilidade de cura que irá depender do tipo e da causa do problema, numa média de oito sessões de fisioterapia, realizadas uma vez por semana. O tratamento reúne um grupo de técnicas fisioterapêuticas a exemplo da radiofrequência, o biofeedback, eletroestimulação, exercícios específicos e treino funcional. “Cada caso é um caso, mas temos uma expectativa média de oito sessões, independentemente da idade da paciente”, afirma. O atendimento é multidisciplinar contando com ginecologista, fisioterapeuta, psicólogo e nutricionista.