II Congresso Labirinto
04/08/2018
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“O Transtorno do Espectro Autista: da Saúde à Educação” foi o tema do II Congresso Labirinto, promovido pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, por meio do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Autismo (Labirinto), nos dias 3 e 4 de agosto, no Campus Cabula. Estudantes de graduação, profissionais e professores de diversos cursos da área de saúde marcaram presença.
Com carga horária de 15h e sob a coordenação dos professores Dra. Milena Pereira Pondé e Me. Gustavo Siquara, o congresso abordou essa condição crônica que provoca alterações em três eixos principais: atrasos na comunicação verbal e não verbal, na interação social e comportamentos repetitivos.
Gustavo Marcelino Siquara, que também coordena o grupo de pesquisa Labirinto juntamente com Milena Pondé, destacou o significado do congresso ao fomentar a troca de conhecimentos na área do autismo: “esse ano, buscamos reunir os profissionais que trabalham com essa temática para tentar encontrar alternativas de tratamento e uma melhor qualidade de vida. Fora isso, muitos pais participam desse evento, fato que deve ser estimulado cada vez mais”.
A videoconferência “Identificação precoce de autismo em bebês” foi a palestra de abertura realizada por Filippo Muratori, professor da Universidade de Medicina de Pisa e diretor do Instituto Estela Mares, que ministrou o tópico via transmissão on-line diretamente da Itália.
Para intermediar a explanação, no auditório I do Campus, Danielly Wanderley, psicanalista que atua na área de transtornos do desenvolvimento, traduziu pontos importantes dos estudos apresentados por Muratori. Os palestrantes frisaram a importância do estímulo parental ou estimulation up para o progresso da criança, principalmente nos primeiros 18 meses de vida.
Danielly explicou que o tema apresentado foi baseado em vários resultados de pesquisas desenvolvidas em conjunto com outros: “Demos ênfase na falta da atenção social, principalmente em movimentos repetitivos de mãos, dedos, braços e pernas, dificultando a organização dos gestos e, consequentemente, a comunicação. Esse conjunto de fatores influencia no comportamento parental, que tende a ter uma postura de estimulação mais ativa a partir do segundo semestre”. Segundo Muratori, essa postura reforça a ideia de que pais de autistas percebem, precocemente, que seus filhos possuem dificuldade social e necessitam de mais estimulações em comparação às crianças típicas.
As atividades, que ocorreram das 8h às 18h, na sexta-feira, e das 8h às 13h, no sábado, também abordaram assuntos, como a estimulação da linguagem em crianças não verbais, a estimulação eletrônica, os aspectos neurológicos do Espectro do Autismo (TEA), o tratamento a partir da intervenção precoce, a inclusão de crianças com autismo nas escolas, bem como o trabalho pedagógico-terapêutico nesse âmbito.
Além do TEA, conteúdos relacionados ao TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e TOD (Transtorno opositivo-desafiador), abrangendo as manifestações genéticas e expressões fenotípicas, foram bastantes discutidos.
O psiquiatra da infância e adolescência, Ivan Araújo, palestrou sobre genética e impulsividade e ponderou que a iniciativa possibilitou “pensar numa linha de cuidado. Podemos ver o que a ciência tem trazido a respeito do Espectro Autista e quais são os fatores que estão interferindo nessa dinâmica”. Para o psiquiatra, é interessante entender “como a genética fala com o ambiente e como essas interações podem ajudar no tratamento e no prognóstico de crianças autistas”.
Para a médica-neuropediatra, Fernanda Bonfim, que esteve presente como ouvinte, o congresso proporcionou a “discussão de questões referentes não só ao diagnóstico, mas também às novas possibilidades de tratamento”.
Já Amanda Avelar, neuropsicóloga e monitora do evento, considerou a ocasião importante por capacitar os profissionais e auxiliar a prática. Amanda citou o incentivo à pesquisa de temas novos em relação ao autismo, a partir das reflexões: “hoje há muitas pesquisas com esse tema, principalmente relacionadas à genética, temática que, inclusive, foi contemplada no congresso”. A neuropsicológa ressaltou ainda que os assuntos explanados abarcaram muitas áreas, como a fonoaudiologia, a psiquiatria, a neuropsicologia e a terapia ocupacional.
Aila Verônica, estudante da Universidade Estadual de Feira de Santana, acrescentou que os temas do congresso foram de grande interesse para ela, pois, como cursa uma licenciatura, “é imprescindível saber como lidar com alunos que possuem os mais variados transtornos, incluindo o autismo. Lá na frente, quando eu for, de fato, professora, precisarei ter esse conhecimento para facilitar o aprendizado de crianças autistas”, concluiu.