Simpósio discute atuação do médico de família e comunidade
Encontro aconteceu no Campus Brotas e contou com a participação de profissionais, residentes e acadêmicos de saúde.
12/12/2019
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Um encontro marcado pela troca de vivências da formação e de experiências profissionais. Assim foi o I Simpósio de Saúde da Família e Comunidade, que aconteceu no dia 5 de dezembro, no Campus Brotas da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, fruto de uma parceria entre a instituição e o Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade. A data escolhida também é a mesma em que se comemora o Dia do Médico da Família.
Coordenado pela professora do curso de Medicina e médica de família Dra. Rita Carvalho, o simpósio contou com a participação ativa de acadêmicos, residentes e médicos de família, que juntos discutiram desafios e novos caminhos para a atuação desse especialista da medicina.
A programação teve início com uma roda de conversa com a participação da Dra. Rita, da coordenadora do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da Escola de Saúde Pública, Dra. Miriam Marambaia, e dos médicos de família Dr. Whashington Luiz Abreu Jesus e Dra. Andréa Beatriz Silva dos Santos, todos professores da Bahiana, além das médicas e docentes Dra. Kilce Gonçalves e Dra. Lílian Carvalho.
O médico de Família e Comunidade
A Dra. Rita Carvalho explica que a medicina da família tem um olhar integral do indivíduo. "Ela quer cuidar do indivíduo em todos os ciclos de vida. Esse médico não é um pediatra, um geriatra, um hebiatra ou um clínico geral. Ele é um médico de família e comunidade que cuida da pessoa desde o pré-natal, acompanha a puericultura desse recém-nascido, depois acompanha o desenvolvimento e crescimento dessa criança, desse adolescente, desse adulto." Ela esclarece que a diferença do conceito antigo de médico da família era que este era chamado na doença e hoje, não. "Ele é chamado na prevenção. É aquele médico que se preocupa com as suas vacinas, com situações de risco como o alcoolismo. Por exemplo: o que é que o médico tem a ver com o racismo? Tudo, pois se trata de uma das iniquidades a que o indivíduo está submetido."
Ela ainda enfatiza a importância da formação de uma equipe multidisciplinar de atendimento. "Tudo se inter-relaciona com a saúde do indivíduo. Você não pode dizer que um adolescente que vive em periferia estudou com a mesma facilidade de um jovem que estudou a 30 minutos da faculdade. Essa pessoa tem muito mais dificuldade. E essas dificuldades requerem um cuidado diferente, não melhor nem pior, apenas diferente! Por isso a equipe de saúde da família é territorializada. Um médico de família deve atender a um determinado grupo de pessoas. ”
Para Juliana Lopes, médica recém-formada pela Bahiana, as cobranças feitas ao médico de família levam-na a refletir sobre a atuação desse profissional: “Após algumas experiências em cidades do interior, passei a me perguntar: ‘Qual é o papel desse médico? Esse médico que sou dá conta disso tudo? Ser um médico especialista em família vai ser o suficiente?’ ” Ela conta que pretende fazer a residência de Saúde da Família e Comunidade da Bahiana, que foi criada há dois anos: “Eu quero que a residência me ajude a organizar as ideias, mas também não é ela que vai ser a ‘varinha de condão’ que vai resolver tudo. Esse ‘ser médico’ não existe. Temos que saber nos comunicar e trabalhar em equipe, porque a gente não é o centro, estamos ali para fazer um papel e a necessidade é muito grande, precisamos de ajuda o tempo inteiro”.
A programação contou ainda com uma atividade de Lian Gong, conduzida pela Dra. Kilce Gonçalves, e com uma palestra do médico, filósofo, psicólogo e professor da Bahiana, Dr. André Peixinho. Como desfecho, os participantes puderam contemplar uma exposição de pôsteres com experiências de saúde em comunidades.