O médico e estudante do programa de Mestrado Profissional em Tecnologias em Saúde Ronald Delgado realizou um procedimento cirúrgico experimental e inovador, obtendo sucesso de forma pioneira no Norte-Nordeste. A intervenção foi realizada no Centro Cirúrgico do Hospital Santa Izabel, no dia 5 de setembro, com o objetivo de preservar a fertilidade de paciente jovem com câncer no reto. O tratamento desse câncer consiste em sessões de radioterapia, seguidas de retossigmoidectomia. A radioterapia nesse local afeta os ovários, trompas e o útero, comprometendo a fertilidade e causando menopausa precoce.

Para preservar a fertilidade da paciente, o cirurgião utilizou uma técnica inovadora, desenvolvida pelo médico Reitan Ribeiro, que transfere os órgãos reprodutivos – ovário, trompas e útero – à parte superior do abdômen, a fim de mantê-los intactos durante a radioterapia, que afetaria o útero da paciente e impediria uma futura gestação. No final do tratamento, o útero, as trompas e ovários serão recolocados no local original. A expectativa de Ronald Delgado é que sejam preservadas a fisiologia e a anatomia do útero, trompas e ovários, oferecendo, assim, uma oportunidade para que a paciente possa ter gestações espontâneas.

Durante a cirurgia, também foi utilizada outra técnica inovadora, desenvolvida pelo próprio Delgado para efetiva visualização ureteral intraoperatória, em tempo real, com o uso de verde de indocianina e aparelho de vídeo com sistema de fluorescência infravermelha. Essa técnica de visualização reduz significativamente o risco de lesão ureteral. A transposição uterina é realizada em caráter de estudo experimental. O primeiro relato sobre essa cirurgia ter sido feita com sucesso no Brasil foi do cirurgião Reitan Ribeiro, em 2017, na cidade de Curitiba. Atualmente, é um procedimento adotado em alguns centros avançados de saúde da Europa e dos Estados Unidos.