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25/03/2015
No dia 26 de março é celebrado o Purple Day, data que tem o objetivo de combater o preconceito e a desinformação sobre a epilepsia, dando apoio e suporte às pessoas que vivem com a doença. O Dia Internacional da Conscientização da Eplepsia é também uma importante oportunidade para promover a inclusão social e prestar mais informações à população acerca do assunto.
A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns. Afeta aproximadamente 1% da população, em geral. “Portanto, em Salvador, estima-se que haja cerca de 30 mil pessoas com epilepsia. Trata-se de uma doença crônica muito estigmatizada e, portanto, o paciente sofre muito preconceito”, declara o médico neurologista e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Humberto de Castro Lima Filho.
A doença é caracterizada por crises epilépticas recorrentes, geradas por uma atividade excessiva e anormal dos neurônios cerebrais. Existem vários tipos de crises epilépticas. A característica comum a todas elas é que são eventos paroxísticos, ou seja, acontecem de repente, muitas vezes sem nenhum aviso. A crise convulsiva, ou simplesmente convulsão, é um tipo de crise epiléptica, na qual o indivíduo apresenta perda abrupta da consciência, com abalos dos quatro membros (pernas e braços), podendo apresentar mordedura de língua, salivação excessiva, às vezes com liberação esfincteriana, podendo urinar ou defecar nas calças. Depois, há recuperação gradual da consciência, muitas vezes com queixa de dor na cabeça e no corpo.
Porém, existem muitos outros tipos de crises epiléticas. “As crises de ausência, comuns em crianças, por exemplo, são caracterizadas por uma parada abrupta da atividade, imobilidade com os olhos arregalados e, depois de alguns segundos, os indivíduos recobram a consciência e voltam a fazer exatamente o que estavam fazendo antes”, explica o neurologista.
Nos adultos, são frequentes as crises da região temporal do cérebro, que podem se manifestar com comportamentos estranhos. “A pessoa fica com o olhar diferente e começa a apresentar automatismos manuais (movimentos repetitivos anormais como ficar mexendo na roupa, abotoando e desabotoando a camisa...) e automatismos orais (mexendo a boca ou movimentos mastigatórios)”, esclarece Dr. Humberto.
Segundo o médico, o tratamento adequado faz com que as pessoas com epilepsia consigam ter uma vida absolutamente funcional e realizem todas as atividades. São pessoas tão produtivas, tão inteligentes e tão capazes quanto qualquer outra. Porém, o preconceito, muitas vezes, leva a prejuízos na vida social e profissional. O paciente tem dificuldade em se inserir no mercado de trabalho, pois as pessoas têm medo de oferecer emprego a um indivíduo portador da epilepsia. Ele ainda alerta: “A epilepsia não é contagiosa, mas alguns têm medo de socorrer alguém em crise. Epilepsia não pega! As pessoas ainda têm medo e vergonha de falar sobre epilepsia”.
Em 2008, uma garotinha da Nova Escócia, Cassidy Megan, determinada pela sua própria batalha contra a epilepsia, criou a ideia do Purple Day (dia roxo), no qual as pessoas se vestem de roxo para chamar a atenção para essa doença tão comum e tão condenada pela população.
Fonte: Dr. Humberto de Castro Lima Filho - CRM 24.259
Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (Bahiana), tem Residência Médica em Neurologia e Especialização em Epilepsia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Atualmente, é professor de Fisiologia da Bahiana, coordenador do Serviço de Epilepsia e neurologista do Centro de HTLV do Ambulatório Docente-Assistencial da Bahiana. É membro titular da Academia Brasileira de Neurologia e, atualmente, pesquisa funções cognitivas em pacientes com epilepsia.