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15/10/2015
A Unidade Acadêmica Cabula da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública sediou, no dia 9 de outubro, o I Colóquio sobre Saúde da População Negra. O evento foi fruto de uma ação conjunta entre a escola, o Complexo Comunitário Vida Plena (CCVP) e a Sociedade Hólon e teve como objetivo discutir a atual situação da saúde do negro na sociedade.
O colóquio fomentou diversos debates e mesas-redondas acerca das desigualdades de acesso à saúde para a população negra, inclusive nos complexos prisionais. Também foram discutidos temas como o racismo e sua relação com a saúde e apresentados relatos de assistência às pessoas com anemia falciforme.
Estiveram presentes a coordenadora do curso de Medicina, Prof.ª Eliana de Paula, a professora do curso de Psicologia, Marilda Castelar, o professor do curso de Medicina, André Luiz Peixinho, a coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas, Prof.ª Luiza Ribeiro, além de profissionais, pesquisadores de saúde, docentes e discentes da Bahiana.
A programação contou com uma conferência de abertura proferida pela consultora nacional da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS-OMS), Prof.ª Dra. Maria Inês Barbosa, sobre o tema “Saúde da População Negra – desafios para atingir a equidade em saúde”.
Também foram realizadas uma mesa-redonda com a doutoranda em Saúde Pública, Me. Andrea Beatriz Santos e a Prof.ª Dra. Climene Camargo, onde foi discutido o tema “Desigualdades de Acesso aos Serviços de Saúde” e outra com o tema “Diversos olhares, saberes e fazeres sobre a saúde da população”, com a participação da coordenadora do Núcleo de Estudos em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (URFB), Dra. Denize Ribeiro e da representante da Associação Baiana de Pessoas com Doenças Falciformes, Maria Cândida Queiroz.
O I Colóquio sobre Saúde da População Negra foi coordenado pelas professoras Karine de Souza Oliveira Santana, Lavínia Boaventura e Eleonora Peixinho.
A PARCERIA
O Complexo Comunitário Vida Plena integra um projeto da Sociedade Hólon que oferece atividades tanto no polo acadêmico como na assistência clínica. “Realizamos um investimento na formação de profissionais mais qualificados, no sentido de contemplar realmente as necessidades da sociedade”, declara Eleonora Peixinho que também é diretora médica do CCVP.
“A proposta desse evento é formar um espaço com o objetivo de trocar saberes, discutir e sensibilizar o maior número de pessoas possíveis em relação ao racismo, pois sabemos que ele é estruturante e perpassa por vários aspectos das necessidades da população”, relata a Prof.ª de Saúde Coletiva da Bahiana, Karine de Souza Oliveira.
Para a Prof.ª Dra. Maria Inês Barbosa, a realização de eventos dessa natureza é importante, uma vez que reflete diretamente na formação dos futuros profissionais de saúde. “Estamos propiciando e inserindo na instituição discussões que, em geral, não estão presentes e que são necessárias porque, enquanto órgão formador de profissionais de saúde que lida com a população, ele tem que ter formação-base para entender quais são esses condicionantes e determinantes da saúde e o racismo é um deles, pois impacta diretamente nas condições de vida e, consequentemente, na forma de adoecer e morrer”, explica.
“Como psicóloga, acho válido esse espaço, pois discutimos sobre a subjetividade, sofrimento psíquico e debatemos temas importantes que a população em geral sofre, mas que a população negra é esquecida” relata, Tainã Silva, graduada pela Bahiana.
Segundo a aluna Camila Ribeiro, do 4° semestre do curso de Psicologia da Bahiana, as palestras permitiram uma ampliação do conhecimento enquanto profissionais de saúde. “Dói muito ver a maneira com que a raça negra ainda é discriminada e, infelizmente, é uma realidade que enfrentamos. A cor da pele não deveria interferir em qualquer tipo de relação seja ela qual for. Todos nós, independentemente de raça, deveríamos ter direitos iguais”, conclui.
A estudante do 4º semestre de psicologia, Mayara Borges, destaca a importância de discutir os aspectos ligados ao racismo. “São importantes essas discussões porque é visível que o negro é tratado de forma diferenciada em todos os campos e não só na saúde. O fato de uma mulher negra, no parto, receber menos analgesia do que as mulheres brancas, é um absurdo cogitar que por ser negro você tem mais resistência a dor”.
“Saúde implica necessariamente em cuidar do outro, independentemente de onde ele vem e quem ele seja, então, buscamos fortalecer a formação dos nossos estudantes, profissionais e cidadãos com esse olhar ampliado e antirracista, pois a verdade é que estamos inseridos em uma sociedade ocidental muito racista”, finaliza a coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas da Bahiana, Prof.ª Luiza Ribeiro.