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14/05/2016
A Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, em parceria com o Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), unidade da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), e a Associação Baiana de Amigos da Mucopolissacaridoses e Doenças Raras (ABAMPS) realizou, no dia 14 de maio, o 2º Acrovida – Encontro de Pessoas com Acromegalia e Gigantismo. Na ocasião, portadores dessas doenças puderam contar com um atendimento multidisciplinar, nas instalações do Ambulatório Docente-Assistencial da Bahiana, em Brotas.
A ação contou com médicos de diversas especialidades, psicólogos, fisioterapeutas, dentistas, assistentes sociais, além de alunos de graduação da Bahiana que prestaram atendimento gratuito durante toda a manhã.
Além de proporcionar um atendimento qualificado aos pacientes, o momento também promoveu a capacitação e a difusão de conhecimento sobre patologias que, muitas vezes, são desconhecidas pelos profissionais de saúde. "Os pacientes de doenças raras têm múltiplas necessidades que não são conhecidas pelos profissionais de saúde, até nos centros de referências elas são pouco conhecidas. Então aqui, hoje, temos duas vertentes: uma é a rede de apoio ao paciente com doença rara, que são pessoas que circulam na rede de saúde e não conseguem tratamento ou por falta de conhecimento da doença ou por falta de capacidade técnica no atendimento. Então, essa parceria entre a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e a ABAMPS faz com que eles tenham acesso a uma forma mais qualificada para minimizar o sofrimento e as complicações no tratamento por falta de atendimento. E a outra vertente é que essa parceria vai além do atendimento de hoje. Para realizar esse evento, foram feitos três encontros para a capacitação dos profissionais, professores e estudantes envolvidos", relata a assistente social do Cedeba, Simone Souza da Rocha Matos.
O aprendizado também foi celebrado pela estudante do 4º semestre de Medicina, Alessandra Oliveira Santana. Ela aponta que participar do 2º Acrovida foi importante para aprender a lidar com as diferenças e a perceber que as doenças ditas raras atingem um grande número de pessoas. "Foi uma surpresa para mim, pois são chamadas doenças raras e a gente vê muitos pacientes com essas doenças. Daí, você pensa, ‘poxa, é rara, mas existem muitas pessoas com essas doenças’. Então, precisamos ter o olhar também para essas pessoas. Também me chamou a atenção, pois são pessoas fisicamente diferentes da gente e temos certo choque de realidade. Mas é interessante a gente se acostumar com o que é diferente porque a gente vai ver em nossa prática médica. E eu fiquei feliz de estar podendo ajudar, de alguma forma, essas pessoas que acabam tendo pouca assistência ou não têm a assistência que deveriam ter do sistema público de saúde. Foi bom trazer eles aqui e atender as diversas demandas em um único momento, uma única vinda, escutar um pouco esse paciente já é gratificante".
O desconhecimento científico por parte dos profissionais de saúde foi o que Isadora Zottoli, também estudante de Medicina do 4º semestre, apontou como preocupação após sua vivência no evento. "Acho que, como estou no 4º semestre, ainda não vi essa parte das doenças raras. Mas eu percebo que não é um assunto muito abordado no curso de Medicina, mas vemos como é importante saber disso. A gente pensa que são poucas pessoas, mas não são. E a comunidade científica ainda não tem muito conhecimento, propriedade em relação a tratamento e diagnóstico, tanto que as pessoas têm o diagnóstico muito tardio, quando a doença já está evoluída o que prejudica no tratamento da patologia. Quanto mais cedo a gente tiver engajado nesses assuntos, mais expandimos nossos olhares para as pessoas que precisam, assim como nós, de uma assistência que muitas vezes não acontece. Está sendo muito legal. Um grande aprendizado".
A professora do curso de Medicina e coordenadora do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde da Bahiana, Dra. Marta Menezes, pontua a importância de eventos como o 2º Acrovida que propõem um olhar mais amplo para áreas da saúde que têm pouca visibilidade. Ela ainda destaca a ação como uma importante oportunidade de capacitação para profissionais e estudantes. "Embora sejam doenças consideradas raras, a gente nunca vai identificar se não estivermos preparados para isso. E se a gente não preparar o aluno para isso, não teremos o profissional com esse olhar, porque são pessoas que podem ter um benefício grande quando diagnosticadas precocemente. Daí a importância de que esse assunto entre no rol de competências que esses alunos precisam desenvolver. Entendemos que isso, de alguma forma, deva estar no currículo, mas, em especial, essas atividades, em que você coloca o aluno na prática para realizar o atendimento. Isso tem um poder mobilizador muito grande, pois é a extensão como algo formador, ou seja, com a extensão é possível chegar à comunidade e, ao mesmo tempo, você está tendo um campo de prática, de treino e de capacitação desses futuros médicos. E como é uma ação interdisciplinar, temos a chance de atuar de forma coletiva".