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14/09/2018
“A prevenção do sofrimento passa pela busca do sentido da vida. Quando a gente valoriza a nossa vida, a gente consegue apresentar diferentes níveis de sofrimento. A nossa cultura está nos distanciando do nosso afeto, da nossa conexão conosco, e o nosso trabalho de prevenção é reconectar com o corpo, reconectar com o afeto e conosco, porque somente a partir daí eu consigo fazer um contato profundo comigo e com o outro. São pequenos gestos e pequenas mudanças que a gente pode fazer no nosso dia a dia para retratar a alegria de viver, que perpassa por acolher tudo o que a vida traz. E, nesse acolhimento, a gente passa por muitos males e sofrimentos, sem perder a conexão com a nossa existência e com o sentido da nossa vida". O relato de experiência da professora do curso de Odontologia psicoterapeuta e musicoterapeuta Sandra Brasil, que integrou a mesa-redonda "Cuidados na prevenção do suicídio: ações cotidianas e interdisciplinares", contribuiu para a atividade que deu início à programação especial pelo Setembro Amarelo – Mês de Prevenção ao Suicídio, iniciativa do Programa de Ações e Estudos Sobre o Suicídio – Paes, que aconteceu no dia 14 de setembro, no Campus Cabula.
A mesa contou também com as falas dos professores André Caribé (Medicina), Rosenir Alcântara (Psicologia – Clínica de Psicologia), Cíntia Mesquita (Enfermagem), Sylvia Barreto (Psicologia), Angélica Mendes (NAPP) e Aicil Franco (Psicologia e Coordenação do PAES).
A programação incluiu a mesa "O tempo em que vivemos: reflexões sobre o suicídio em momento de crise política", composta pelas professoras Anna Amélia de Faria e Débora Ferraz, e foi finalizada com uma apresentação artística de Millen Carvalho.
Com o objetivo de propor uma reflexão sobre as estratégias de prevenção ao suicídio e discutir sua estigmatização, a iniciativa que traz como tema "O tempo em que vivemos: o suicídio na contemporaneidade" também será realizada nos dias 21 e 28 de setembro, às 14 horas, no Campus Brotas.
A estudante do 1º semestre de Psicologia Carina Leite Barreto, de 17 anos, considerou de grande importância a instituição promover uma programação que leve as pessoas a refletirem sobre o suicídio: "Eu acho que o tema fica bem focado para a Psicologia, mas também achei bom ver pessoas de outros cursos participando e é importante elas estarem aqui, pois podem conhecer alguém que esteja passando por uma situação relacionada e, assim, saber ajudar".
Ricardo Lopes Cunha Matos, estudante do curso de Psicologia do 8º semestre e participante do PAES, explica que, neste ano, a programação do Setembro Amarelo teve como objetivo ampliar a reflexão sobre o suicídio, passando a contar com a participação dos demais cursos de graduação da Bahiana. "Nós vimos que somente estudantes de Psicologia estavam participando das programações anteriores do Setembro Amarelo, promovidas pelo PAES, e nos questionamos sobre isso. Então, pensamos em convidar os alunos dos outros cursos e promover esse momento de diálogo entre os estudantes e professores." O estudante conta que o PAES foi idealizado por conta de uma demanda identificada entre os próprios estudantes. "Eu falo sempre que a gente aprende tanto no pátio como em sala de aula. No pátio, vinham várias demandas em relação ao suicídio. Isso foi comentado entre alguns estudantes e vimos a necessidade de formar um grupo e estudar isso de uma forma mais direta e mais eficaz", conta Ricardo destacando que há um índice crescente de procura nos consultórios de psicoterapia.
Aicil Franco reitera a proposta de Ricardo: "A ideia era abrir uma conversa sobre o que é o suicídio em cada um desses cursos, como é que impacta, como ele chega e o que cada um desses cursos faz ou não faz para prevenir o suicídio. Não é fácil, vemos isso como um desafio, mas a gente está tentando", afirma. Segundo a coordenadora do PAES, a ideia é promover a desmitificação do tema, trazendo a discussão para o cotidiano de cada curso da instituição: "Eu acho que vários professores se posicionaram no sentido de trazer para si, para o seu componente, para o seu núcleo, a responsabilidade de uma ação conjunta. É uma vontade do PAES que a gente não fique isolado estudando sobre o suicídio, em uma sala fechada, mas que a gente esteja junto com os outros professores e outras faculdades, inclusive, pensando em ações."