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Estudantes do Programa Candeal discutem racismo no Brasil

Debate foi fruto da apresentação da palestra "Coisa de Pele: uma palestra cantada sobre o racismo no Brasil".

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Me diz que sou ridículo,
Nos teus olhos sou malvisto,
Diz até tenho má índole
Tu me achas bonito, lindo!
Ilê Aiyê...!
 
Negro é sempre vilão
Até, meu bem, provar que não
É racismo meu? Não

 
 
A música “Ilê de Luz”, do compositor Suka (Carlos Lima), foi uma das canções escolhidas pelo professor Vitor Queiroz, graduado em História, mestre em História Social da Cultura e doutor em Antropologia Social, pela Unicamp, e pelo músico e compositor Luciano Salvador Bahia para ilustrar a palestra "Coisa de Pele: uma palestra cantada sobre o racismo no Brasil", que aconteceu na manhã de 24 de abril, no Campus Cabula.
 
Iniciativa da coordenação de Desenvolvimento de Pessoas, em parceria com o Núcleo Comum da Bahiana, a palestra teve como público-alvo os estudantes de todos os cursos da Bahiana que participam do Programa Candeal, porém isso não impediu que o evento recebesse professores, coordenadores de cursos, convidados e as pró-reitoras de Extensão, prof. ª Carolina Pedroza, e de Ensino de Graduação e Pós-Graduação, prof. ª Maria de Lourdes de Freitas Gomes.
 
Coisa de Pele
 
Em sua palestra, o professor Vitor Queiroz e o músico Luciano Salvador Bahia convidam o público a refletir a questão do racismo, por meio de uma narrativa que remonta a escravidão desde o início da história do Brasil Colônia até os tempos atuais, sempre pontuando fatos históricos e episódios recentes. Vitor ressalta a importância do diálogo com os estudantes de saúde, “pois os estudantes, juntamente com outros formadores de opinião, serão as pessoas que vão ter autoridade para fundar e sustentar novas diretrizes.
 
"Essa palestra é uma conversa com instituições, principalmente, instituições que mexem diretamente com os deuses modernos que são: o médico, o operador do direito e o economista. Enfim, se essas pessoas que são ouvidas, são socialmente muito importantes pois vão à televisão, vão a vários canais dizerem para a população o que se deve fazer, é superimportante falar com essas pessoas pra que elas saibam da autoridade que elas têm e do que está implicado nisso. Por isso, na palestra, tentei trazer a vinculação de instituições médicas da Bahia com os problemas sociais", explica Vitor.

 

       

A professora de Geografia e estudante de Direito, Marilene Silva Almeida, pontua o grande avanço da Bahiana em propor uma discussão sobre racismo no Brasil: "Antigamente, uma discussão como essa, em uma instituição particular de formação em saúde, passava ao largo, não era ventilado. Então eu percebi que chegar aqui hoje, dentro desse panorama, foi um salto, uma abertura que não imaginava que fosse assistir. Porque são nesses espaços que a gente tem que começar a romper essas barreiras e criar um novo paradigma. A Bahiana está de parabéns porque está abrindo as portas para abordar temas como esse".
 
A estudante do segundo semestre do curso de Medicina, Vitória Brandão, avalia, de forma positiva, os eventos que vêm sendo promovidos pela Bahiana para uma melhor formação do profissional de saúde. "Além de ser necessário, é vital esse tipo de discussão, esse tipo de debate que traz assuntos que não vemos através de matérias de anatomia, de fisiologia. Essa visão é construída aqui, no debate, na conversa. Tratar do racismo enquanto saúde, tratar do sexismo enquanto saúde é necessário em todas as possibilidades de se fazer saúde no Brasil. Achei muito boa a iniciativa da faculdade de trazer essas rodas de conversa. Que tragam mais, por favor, de outros assuntos, como feminismo, lgbtfobia... Tudo isso. Então fico feliz mesmo!".
 
Luiza Ribeiro aponta que a Bahiana vem realizando uma série de iniciativas visando à discussão da realidade brasileira, tendo a arte como elemento mediador: "Escolhemos a palestra cantada ‘Coisa de Pele: as questões sobre o racismo no Brasil’ para o grupo do Programa Candeal, porque eles estão em campo, estão indo ao território. Então eles precisam compreender as relações sociais que se dão ali naquele campo em que eles estão presentes e fazendo uma transformação. Eles estão levando a promoção e a educação em saúde. Quem promove saúde numa comunidade está, sim, levando a possibilidade de as pessoas transformarem a sua vida, se informarem e tomarem atitudes diferentes. Então a questão racial também entra nesse contexto de discussão".
 
Dentro do conjunto de iniciativas da Coordenação de Desenvolvimento de Pessoas, a Bahiana já recebeu as peças "Criança Viada", sobre homofobia, e "En(cruz)ilhada", sobre racismo.

 



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