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03/08/2019
Estudantes de graduação e diversos profissionais da saúde e da educação reuniram-se nos dias 2 e 3 de agosto no III Congresso Labirinto: cuidando de pais e filhos. O encontro teve o objetivo de discutir características, diagnósticos, pesquisas e vivências relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) e aconteceu no Campus Cabula da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
O evento foi idealizado pelo Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Autismo (LABIRINTO), coordenado pela professora do curso de Medicina da Bahiana Dra. Milena Pondé, que explicou a importância do tema deste ano. “Existe toda uma luta que os pais de crianças com TEA enfrentam, seja na busca pelo diagnóstico, na dificuldade de encontrar serviços de saúde de qualidade ou em situações em que a mãe é abandonada pelo companheiro e precisa criar o seu filho sozinha. Então, é preciso que exista um compartilhamento de conhecimento, informações e uma rede de apoio a esses pais que lidam com o autismo em suas vidas, diariamente”.
A abertura do congresso foi encantadora. Josiane Cardoso, que tem o TEA, apresentou um recital para o público e mostrou que seu talento sobressaía às dificuldades causadas pelo autismo. Sua mãe, Cristiane Cardoso, foi uma das palestrantes do evento e contou a sua trajetória como mãe de três filhos com autismo. “Estar aqui nesse congresso é a realização de um sonho, pois, depois de todos os desafios e momentos difíceis que passei na vida para educar os meus filhos, é uma alegria imensa perceber que eu venci e poder contar a todos a minha história. Meus filhos são a representação do amor puro em minha vida”.
O professor Gustavo Siquara, também organizador do congresso, explicou a relevância do evento para a formação dos alunos e profissionais de saúde. “Tentamos, a cada ano, trazer uma temática diferenciada e, este ano, estamos falando sobre como o TEA influencia na vida dos pais. É essencial para os acadêmicos e especialistas em saúde que trabalham com o autismo entenderem como essa relação dos pais com os filhos é significativa no acompanhamento do paciente”.
A programação do congresso teve a presença de diversos palestrantes. A terapeuta ocupacional Dra. Sheila Araújo abordou a relação entre a síndrome de Down e o autismo que, muitas vezes, não são diagnosticados da forma correta. A pesquisadora trouxe dados do Movimento Down (2018) que apontam 18% a 39% dos indivíduos com síndrome de Down inseridos no espectro do autismo.
Dra. Milena Pondé e Dra. Mirella Losapio – psiquiatra, integrante do LABIRINTO e ex-aluna de Medicina da Bahiana – palestraram acerca dos “Instrumentos de avaliação: nova versão m-chat e a escala LABIRINTO” e realizaram demonstrações práticas para os participantes. A nutricionista Dra. Cristiane Lázaro explicou como ocorre, a nutrição dos pacientes com TEA, já que eles possuem uma sensibilidade maior no organismo, e como pais devem proceder para prover uma alimentação de qualidade para seus filhos.
A psicopedagoga e estudante de neuropsicologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA) Geinara Assis, demonstrou entusiasmo com conhecimento que adquiriu durante o Labirinto. “Esse evento vem somar para todos os profissionais que estão aqui. Aprendi bastante sobre os avanços na área do TEA e já penso como aplicar isso na área da educação, que precisa cada vez mais de inclusão social para crianças com autismo”.
O congresso também contou com as palestras sobre “Autismo e Epilepsia” proferida pelo Dr. Humberto Castro Lima Filho e do Dr. José Carlos Pitangueira, que dissertou sobre “A experiência do Instituto PRIORIT”, organização com uma proposta humanizada de tratamento para pessoas com TEA.
Os alunos da Bahiana estiveram bastante ativos no evento. A estudante do 7º semestre de Medicina Ana Clara Reis, relatou como o Labirinto acrescentou ao seu desenvolvimento. “Muitas questões em relação ao TEA foram esclarecidas para mim e entendi acerca da importância do diagnóstico precoce e, como isso, pode interferir no progresso do paciente. Foi muito gratificante participar desse congresso”.