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17/10/2011
Amanda Cerqueira graduou-se em psicologia pela Bahiana e recebeu o Prêmio Nacional Sílvia Lane deste ano, no qual ficou em terceiro lugar, graças ao seu trabalho de conclusão de curso sobre a inclusão social de deficientes na escola. De olho no mestrado, Amanda, atualmente, faz especialização em Terapia Cognitiva pelo Instituto de Terapia Cognitiva, em São Paulo. Confira a entrevista que a Bahiana fez com a jovem pesquisadora:
De que forma sua pesquisa beneficia a sociedade no que diz respeito à inclusão de crianças deficientes no contexto educacional?
Esta pesquisa intitulada “O fazer psicológico na educação: da segregação à inclusão das pessoas com deficiência”, trata-se do meu trabalho de conclusão de curso (TCC) defendido em 2010. Acredito que este estudo possibilita, sobretudo, aos profissionais simpatizantes e atuantes da área de educação, o aprimoramento ou mesmo o despertar de um olhar crítico sobre a construção histórica das modalidades educacionais disponibilizadas às pessoas com deficiência (...) incitando a sociedade a refletir sobre a importância da marcha de categorias profissionais em prol de uma sociedade mais justa, como no caso da inclusão. Enfim, este trabalho possibilita acreditarmos que a militância é válida e que os profissionais da educação precisam prevenir a retroalimentação de um sistema segregador com vistas a propagar incessantemente práticas inclusivas de direito de todos.
Qual a sua motivação para o desenvolvimento dessa pesquisa?
A minha trajetória como estudante de Psicologia e como entusiasta do contexto educacional me conduziu à construção desta pesquisa. Este trabalho reflete o meu despertar e amadurecimento sobre a importância do que entendo como papel político-social inerente a um psicólogo, isto é, agir em prol de um direito básico do ser humano - a educação. Tinha um grande anseio de atuar em alguma área da profissão que eu pudesse contribuir no sentido de mobilizar, de acrescentar algo à categoria e à sociedade. Assim, tive uma oportunidade determinante nesse percurso. Refiro-me à professora Josineide Alves que, como psicóloga, especialista na área de inclusão das pessoas com deficiência foi a primeira a apostar e me motivar para este trabalho. Agradeço muito também à professora e orientadora Marilda Castelar e à coordenadora do curso, professora Mônica Daltro que me incentivaram desde o início. Em suma, a construção deste trabalho foi baseada em muita motivação, pois pude aprender em todo o processo que a luta pelo que acreditamos, pela transformação social, é de suma relevância e que, enquanto psicólogos, temos muito para fazer com nosso esforço e militância para fazer valer melhores contextos educacionais onde caibam todos.
De que forma seu trabalho pode auxiliar na melhoria das práticas psicológicas de inclusão?
O conhecimento das práticas psicológicas na educação em uma perspectiva inclusiva, objeto de estudo desta pesquisa, é de grande relevância. Ante tal perspectiva, enseja momentos de reflexão a profissionais voltados à mobilização da categoria quanto a rever os limites e as possibilidades de atuação no meio educacional, com vistas à superação de um fazer cristalizado em prol de um engajamento mais afinado com a política inclusiva, estampando nesse cenário uma prática de promoção dos direitos das pessoas com deficiência. Além disso, no campo da educação para pessoas com deficiência, os psicólogos conquistaram um reconhecimento profissional significativo. Esse espaço tem sido importante para o desenvolvimento de ideias psicológicas e atualmente se depara com as exigências da proposta da inclusão escolar. Esta pesquisa torna-se também importante devido à existência de poucos estudos publicados sobre o fazer psicológico em uma perspectiva mais inclusiva; e, sabe-se, esse profissional precisa acompanhar as mudanças, pois é afetado com o impacto das novas exigências que incitam uma prática mais condizente com os direitos humanos.
Como chegou ao Prêmio Sílvia Lane?
Ao final da defesa do meu TCC, por unanimidade, a banca decidiu que o curso de Psicologia encaminharia o meu trabalho para concorrer ao Prêmio Nacional Sílvia Lane. O trabalho foi enviado no primeiro semestre de 2011 para a Associação Brasileira de Ensino em Psicologia (ABEPSI), na modalidade de trabalho de conclusão de curso. Eu fui classificada em 3° lugar e, como mais um reconhecimento, também será publicado no site científico BVS-PSI.