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Estudante de Medicina é selecionada para um ano em Harvard

Eduarda Magaldi é a única estudante brasileira selecionada para o programa.

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Mesmo com a família ligada a outras áreas do conhecimento, Eduarda Magaldi, 23 anos, vem  se destacando na sua carreira acadêmica, no curso de Medicina. Ex-vice-presidente da Liga Baiana de Cirurgia Plástica, ela já realizou estágios em Paris, nos Estados Unidos e acaba de ser selecionada para um programa de um ano em Harvard que oferece apenas 20 vagas anuais para estudantes de medicina e médicos formados em todo o mundo. Ela foi a única estudante selecionada do Brasil e segue em fevereiro para a instituição americana, onde vai se dedicar ao estudo da fibrose cística idiopática. Conheça um pouco mais dessa história.

          

 

- Fale um pouco sobre esse programa para o qual você foi selecionada.
Eu fui selecionada para o programa de Princípios e Prática em Pesquisa Clínica (PPCR), que envolve diversas atividades como workshops e cursos a distância. Eu vi um cartaz na Bahiana, no início do ano de 2013, e me interessei. É um programa oferecido pela Universidade de Harvard para alunos de medicina e médicos que tenham interesse em se aprofundar na área de pesquisa. O programa para o qual fui selecionada é o de Research Fellow – uma etapa da formação muito importante para os americanos, pois conta pontos para a seleção em  programas de residência, mas que não tem correspondência no Brasil. Nesse período, o estudante não atua na área clínica, ele se dedica à pesquisa.


- A área de pesquisa é o caminho que você quer seguir?
Eu sempre gostei de pesquisa. Minha monografia foi uma experiência maravilhosa. Quando fiquei sabendo desse programa, logo me interessei, porque seria uma experiência a que eu me dedicaria por um ano inteiro.


- Como foi o processo para ingressar no programa?
Esse programa oferece apenas 15 a 20 vagas para o mundo todo. Inicialmente o candidato deve se inscrever no site, mandar duas cartas de recomendação de professores que lhe acompanharam em algum momento de sua formação, currículo, histórico escolar, comprovante de matrícula e uma carta justificando o interesse em participar do programa. Essa documentação é analisada e, a partir daí, algumas pessoas são selecionadas para uma entrevista via Skype com os outros fellows que já estão lá, participando do programa. As duas fellows que me entrevistaram gostaram do meu perfil e fui, então, encaminhada para uma segunda entrevista com Dr. Felipe Fregni, coordenador do programa e professor de neurologia da Faculdade de Medicina de Harvard, também via Skype. No fim dessa entrevista eu fui informada de que tinha sido selecionada. A última entrevista foi com o Dr. Ivan Rosas, diretor do laboratório de pesquisa em doenças pulmonares do Brigham and Woman’s Hospital, da Universidade de Harvard, que me convidou para fazer o Research Fellow em seu laboratório.


- Essas entrevistas foram em inglês. Você fez algum curso específico para a área de saúde?
Não. Fiz curso de inglês comum e durante o ensino médio. Mas tive experiências internacionais que, acho eu, foram fatores decisivos para minha seleção. No meu 3º ano de medicina, por exemplo, eu passei três meses em Paris, onde estagiei no Hospital Pitié-Salpêtrière. No 4º ano, tive mais uma experiência, por um mês, no Hospital MD Anderson, em Houston, Texas (EUA). Acredito que esse retrospecto me favoreceu muito.


- Como você teve acesso a esses estágios? Você se inscreveu em algum programa?
Não. Eu ia para Paris estudar francês, mas tive a felicidade de conhecer, através de meus pais, o Professor Jean-Jacques Rouby, chefe do serviço de medicina intensiva do Hospital Pitié-Salpêtrière, de passagem por Salvador. Em Paris, eu ia para o hospital pela manhã como interna e fazia o curso de francês à tarde. Foi maravilhoso. Na época em que fui para Houston, eu era vice-presidente da Liga Baiana de Cirurgia Plástica e recebemos um cirurgião plástico de lá. Contei-lhe minha experiência em Paris e ele me disse que eu poderia passar um mês em Houston como observer. Aceitei de imediato o convite.


- Qual a sua expectativa com relação a essa experiência na Harvard?
Eu sei que tenho muitas responsabilidades. Vou passar a maior parte do tempo no laboratório trabalhando em pesquisa tanto na parte básica como na parte clínica, estudando a fibrose cística idiopática. Também farei o curso principal do programa PPCR, por oito meses, que trabalha do básico ao nível mais complexo de desenvolvimento de uma pesquisa clínica de qualidade.


- É a área que você já vinha estudando?
Não. Todas as minhas experiências foram bem variadas. Em Paris, a área que estudei foi medicina intensiva, em Houston foi cirurgia plástica e agora será pneumologia. Todas são áreas de que eu gosto. Na verdade, há poucas áreas da medicina de que eu não gosto. Eu acho que a formação do estudante de medicina deve ser bem ampla. Eu, particularmente, decidi desde o 1º semestre que só determinaria uma área de atuação específica no 12º semestre do curso.


- Você acredita que a sua formação pela Bahiana contribui para seu perfil como médica?
A Bahiana tem apoiado bastante a minha formação como um todo. Temos sempre o apoio do pessoal da supervisão acadêmico-pedagógica, Narciso Paiva está sempre próximo dos alunos. Dois outros professores também se destacaram bastante para mim, inclusive me apoiando em todo esse processo, o Dr. Manoel Juncal, urologista e o Dr. Dilton Mendonça, pediatra. Tenho certeza de que meu aprendizado até aqui nessa instituição foi determinante para minha seleção por Harvard.